quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Visionamento do filme Moi un Noir de Jean Rouch no módulo Teórico

Na sessão de dia 30 de Janeiro o grupo visionou o filme "Eu, um Negro" de Jean Rouch, no módulo da Francisca.

Aqui fica uma breve introdução ao filme:





SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Edward G. Robinson caminha pelas ruas de Abidjan, capital política da Costa do Marfim, para nos apresentar alguns de seus amigos, como o boxeador Eddie Constantine e a sedutora Dorothy Lamour.
São quase todos imigrantes nigerianos que representam, no jogo proposto a eles pelo cineasta francês Jean Rouch (1917-2004), os personagens que bem entendessem -diante da câmera, improvisando nas filmagens e dublagem.
"Eu, um Negro" (1958) tornou-se um documentário clássico, entre outros aspectos, pela escolha desse método, que combina a abordagem etnográfica, linha condutora da obra de Rouch, com o convite à exploração dos mecanismos de representação do cinema. Os nomes e personalidades que os jovens resolvem assumir, não por acaso, pertencem à mitologia cinematográfica.
Afinal, não era um filme que estrelavam? Logo, nada mais natural do que agir como um ator.
O processo é semelhante ao que vivem (sem que seja preciso pedir a eles) os personagens dos filmes mais recentes de Eduardo Coutinho. O que antes interessa é a investigação quase terapêutica do que os autores dos depoimentos querem fazer acreditar que eles sejam.
Os jovens sorridentes de Rouch circulam pelas ruas de Treichville, a "Chicago da África Negra", na parte mais pobre de Abidjan. Sua rotina é escrutinada de acordo com o andar da semana -primeiro os dias "úteis", depois o sábado e o domingo. A batalha pela sobrevivência ocupa a parte inicial, em que os nigerianos expõem o dilema da juventude sem grandes perspectivas de inserção na economia, na África ou em outro lugar, nos anos 50 ou hoje.
Praia, esporte, música e religião pautam as atividades de lazer, que ocupam o restante do filme. Há um "Bar Esperança" em Treichville, simbólico de uma postura diante da vida que se revela positiva. "Deus é grande", agradece um dos jovens.
É possível conhecer mais sobre Rouch graças aos extras, como o curta "Os Mestres Loucos" (1955), rodado em Acra, capital de Gana, e um ensaio do crítico francês André Bazin em torno desse filme, que classifica de "reportagem científica sobre fenômenos sociológicos contemporâneos da África Ocidental". O próprio cineasta protagoniza outro extra, o média-metragem "Jean Rouch: Subvertendo Fronteiras", em que fala de procedimentos e paixões. A maior talvez fosse a África, onde morreu em um acidente de carro.

Podem ver o filme completo aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=1vW8RaQP4GY

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